Na última sexta- feira (13/05), a Central Única das Favelas (CUFA), em conjunto com a Câmara Municipal de Fortaleza, lançou a Caravana de Combate ao Crack. Uma boa e pertinente iniciativa, mas quero fazer algumas ressalvas das intervenções dos representantes públicos que participaram da Audiência Pública (AP).
Existe uma tentativa plausível de construir um corrente para a conscientização sobre o uso dos entorpecentes, mas a realidade, inclusive a que foi relatada através do vídeo 'Fortaleza noiada', mostrou que diferentemente das afirmações feitas na AP, o crack não é um fenômeno exclusivo da juventude. Os depoimentos fortíssimos desenhavam uma triste realidade, de mães que trocavam leite dos filhos por 'pedra', de policiais viciados, jovens se prostituindo para fumar entre outras lamentáveis histórias.
Outro documentário que pude verificar o uso mais generalizado foi na Rede Bandeirantes, no Programa apresentado pelo Rafinha Bastos, chamado 'A liga'. Durante os relatos sobre a crackolândia em São Paulo, encontraram vários perfis de usuários de crack, como um graduado em Letras, poliglota, que inclusive deu entrevista e falou várias palavras da língua Guarani. Claro que a preocupação em afastar o crack da juventude deve estar na ordem do dia, mas não podemos afirmar, de forma categórica, como o delegado Cavalcante fez na Tribuna, "que a nossa juventude está se perdendo no crack".
Foram apresentadas várias defesas e uma delas colocava a tão sonhada transversalidade das pastas governamentais no enfrentamento da questão. Pois bem, transversalizar não é algo tão simples. Por exemplo: como vamos envolver a educação no enfrentamento ao crack se a dinâmica das nossas escolas são exaustivas e não tem nada de criativo? Não se pode simplesmente se limitar a fazer campanhas para os alunos. A questão é mais complexa e diz respeito a uma estrutura macro, que depende de muita disposição para modificar. Que tal criar métodos que aproximem as pessoas da escola, outras propostas que envolvam a comunidade com a educação?
Outro argumento foi de combater o traficante, prender e ter ação mais ostensiva nas ruas para coibir e afastar as drogas da juventude. O que existe por trás desse discurso infame e sem noção por parte de um representante público? Falta de conhecimento da realidade e pouco acúmulo sobre o problema. Foi o mesmo que ouvir dizer que a redução da maioridade penal diminui a criminalidade. Não podemos achar que combatendo o traficante, o crack estará fora do circuito e todo mundo salvo. Que nada! Irão aparecer outros traficantes e outras drogas. O que muitos também não refletem é que várias pessoas chegam até o crack através do desemprego, falta de moradia, ou seja, das coisas que o grande capital proporciona além da ausência do Estado.
Os desafios estão colocados e a Caravana precisa ganhar adesão e militância social. As informações veiculadas nos meios de comunicação ainda são limitadas e não correspondem a uma luta que já existe. A demanda de usuários não consegue apoio nos Centros de Reabilitação e algumas clínicas cobram 'os olhos da cara'. Os apelos de mães, pais e outros parentes são gritos que a nossa sociedade de uma forma mais geral escuta, mas não se envolve de fato.
A Caravana nasce de uma necessidade visível, mas será preciso muita força e disposição política para garantir em um primeiro momento apoio para os dependentes, de forma a dignificar a vida dos que usam crack. Também é preciso avançar, tencionando para que o problema seja resolvido na sua raiz, democratizando o Estado e oferecendo ao povo o que é de direito, afastando assim essas mazelas que enfraquecem as relações sociais e colocam os indivíduos em condições degradantes.
Fonte: Ívina Carla é estudante de Jornalismo da Faculdades Cearenses e integra a Comissão Estadual de Comunicação do PCdoB/CE
Existe uma tentativa plausível de construir um corrente para a conscientização sobre o uso dos entorpecentes, mas a realidade, inclusive a que foi relatada através do vídeo 'Fortaleza noiada', mostrou que diferentemente das afirmações feitas na AP, o crack não é um fenômeno exclusivo da juventude. Os depoimentos fortíssimos desenhavam uma triste realidade, de mães que trocavam leite dos filhos por 'pedra', de policiais viciados, jovens se prostituindo para fumar entre outras lamentáveis histórias.
Outro documentário que pude verificar o uso mais generalizado foi na Rede Bandeirantes, no Programa apresentado pelo Rafinha Bastos, chamado 'A liga'. Durante os relatos sobre a crackolândia em São Paulo, encontraram vários perfis de usuários de crack, como um graduado em Letras, poliglota, que inclusive deu entrevista e falou várias palavras da língua Guarani. Claro que a preocupação em afastar o crack da juventude deve estar na ordem do dia, mas não podemos afirmar, de forma categórica, como o delegado Cavalcante fez na Tribuna, "que a nossa juventude está se perdendo no crack".
Foram apresentadas várias defesas e uma delas colocava a tão sonhada transversalidade das pastas governamentais no enfrentamento da questão. Pois bem, transversalizar não é algo tão simples. Por exemplo: como vamos envolver a educação no enfrentamento ao crack se a dinâmica das nossas escolas são exaustivas e não tem nada de criativo? Não se pode simplesmente se limitar a fazer campanhas para os alunos. A questão é mais complexa e diz respeito a uma estrutura macro, que depende de muita disposição para modificar. Que tal criar métodos que aproximem as pessoas da escola, outras propostas que envolvam a comunidade com a educação?
Outro argumento foi de combater o traficante, prender e ter ação mais ostensiva nas ruas para coibir e afastar as drogas da juventude. O que existe por trás desse discurso infame e sem noção por parte de um representante público? Falta de conhecimento da realidade e pouco acúmulo sobre o problema. Foi o mesmo que ouvir dizer que a redução da maioridade penal diminui a criminalidade. Não podemos achar que combatendo o traficante, o crack estará fora do circuito e todo mundo salvo. Que nada! Irão aparecer outros traficantes e outras drogas. O que muitos também não refletem é que várias pessoas chegam até o crack através do desemprego, falta de moradia, ou seja, das coisas que o grande capital proporciona além da ausência do Estado.
Os desafios estão colocados e a Caravana precisa ganhar adesão e militância social. As informações veiculadas nos meios de comunicação ainda são limitadas e não correspondem a uma luta que já existe. A demanda de usuários não consegue apoio nos Centros de Reabilitação e algumas clínicas cobram 'os olhos da cara'. Os apelos de mães, pais e outros parentes são gritos que a nossa sociedade de uma forma mais geral escuta, mas não se envolve de fato.
A Caravana nasce de uma necessidade visível, mas será preciso muita força e disposição política para garantir em um primeiro momento apoio para os dependentes, de forma a dignificar a vida dos que usam crack. Também é preciso avançar, tencionando para que o problema seja resolvido na sua raiz, democratizando o Estado e oferecendo ao povo o que é de direito, afastando assim essas mazelas que enfraquecem as relações sociais e colocam os indivíduos em condições degradantes.
Fonte: Ívina Carla é estudante de Jornalismo da Faculdades Cearenses e integra a Comissão Estadual de Comunicação do PCdoB/CE
Vereador Dute apoia a luta contra as drogas em Caucaia
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